ENGENHARIA DE PETRÓLEO E GÁS É UMA ÁREA COM POUCOS PROFISSIONAIS
Por: Livia Perozim
O crescimento de determinado setor da economia implica na criação de novas profissões. Uma delas é a de engenharia de petróleo e gás, cuja formação antes era determinada por cursos de pós-graduação, e agora conta com cursos superiores específicos. Oferecidos por universidades públicas e privadas, os cursos de engenharia de petróleo e gás preparam profissionais para atuarem no desenvolvimento de campos de prospecção, exploração e expansão de jazidas, transporte, refinamento, industrialização e atividades afins como processamento de gás natural.
“É uma profissão nova no Brasil e que está em expansão no mundo todo. A preocupação com os recursos energéticos e o alto preço do petróleo contribui para que se firme como uma profissão estratégica”, explica Osvair Trevisan, professor do departamento de Engenharia de Petróleo da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). De acordo com Trevisan, um dos idealizadores do Centro de Estudo do Petróleo (Cepetro) da Unicamp, “é uma profissão fascinante para quem realmente gosta de engenharia, na qual é fundamental desenvolver tecnologias avançadas”.
Embora as expectativas do mercado com o biodiesel sejam altas, elas não impedem o desenvolvimento da indústria de petróleo que, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), cresceu 318% entre 1998 e 2004. Além do combustível, a cadeia produtiva do petróleo envolve a indústria de plástico, química, farmácia e fertilizantes, sendo responsável por aproximadamente 9% do PIB nacional.
O Instituto de Petróleo da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, prevê que o setor receba R$ 50 bilhões de dólares nos próximos cinco anos e ofereça anualmente 20 mil empregos, diretos e indiretos, nas atividades industriais e comerciais ligadas ao petróleo, gás e seus derivados.
Após a quebra do monopólio de petróleo no Brasil, em 1997, outras 55 concessionárias atuam no País, além da Petrobras, maior empregadora dos profissionais da área, em especial, de engenheiros (nos últimos seis anos, a empresa contratou cerca de 900). “É um mercado bastante aquecido e somente a Petrobras criou mais de 16 mil empregos diretos nos últimos cinco anos”, afirma Walter Brito, gerente geral da Universidade Petrobrás, que possui campi em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador/Taquipe.
O mercado de trabalho está, principalmente, na região da bacia de Campos, que se estende do Espírito Santo até Cabo Frio, no litoral norte do estado do Rio de Janeiro, que é a maior reserva de petróleo do país. Atualmente, estão em operação nesta bacia mais de 400 poços de óleo e gás, 30 plataformas de produção e 3.900 quilômetros de dutos submarinos. Outros estados como Bahia, Rio Grande do Norte e Amazonas também oferecem vagas.
Como 80% da produção de petróleo está concentrada no estado do Rio de Janeiro, é lá que também está a maior oferta de cursos de formação superior. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por exemplo, uniu toda a experiência que tinha na área com os trabalhos de pós-graduação e abriu, em 2004, vagas para a primeira turma do curso de engenharia de petróleo e gás, que tem cinco anos de duração.
De acordo com o professor e ex-coordenador do curso, Virgílio José Martins Ferreira Filho, em 2008, a UFRJ oferecerá 30 vagas para o curso por ano e não mais 25, já que este é o curso mais concorrido da universidade. “A procura é grande e faltam profissionais especializados. No entanto, por ser um mercado muito especifico, ficaria saturado se formasse, por exemplo, mil engenheiros por ano”, ressalta Filho.
O salário inicial gira em torno de R$ 3.500,00 e quem trabalha em campo, como nas plataformas, recebe um acréscimo de 30% de adicional de periculosidade. Para quem quiser seguir carreira internacional, Canadá e Oriente Médio são mercados promissores.